IA que prevê crimes: inovação ou perigo?

Universidade de Chicago cria sistema com 90% de acerto, mas debate sobre ética e viés levanta alerta global. Pesquisadores da Universidade de Chicago criaram uma inteligência artificial capaz de prever crimes com 90% de precisão. Entenda como funciona e os riscos éticos envolvidos.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Editor Chefe

9/26/20252 min read

Do laboratório ao futuro da segurança

Pesquisadores da Universidade de Chicago desenvolveram uma inteligência artificial capaz de prever locais e taxas de crimes urbanos com até 90% de precisão, com uma semana de antecedência.

O sistema foi testado em oito grandes cidades dos Estados Unidos e divide os territórios urbanos em blocos de 300 metros. Com base em dados históricos, a IA gera previsões que podem auxiliar governos e órgãos de segurança.

Como funciona essa tecnologia

  • O algoritmo analisa ocorrências criminais passadas.

  • Segmenta a cidade em pequenas áreas de 300 metros.

  • Identifica padrões para prever onde e quando crimes tendem a acontecer.

O objetivo, segundo o criador Ishanu Chattopadhyay, não é identificar suspeitos individuais, mas sim auxiliar na formulação de políticas públicas mais eficazes, prevenindo o crime antes que aconteça.

Limitações e riscos

Apesar do alto índice de acerto, a tecnologia levanta questionamentos:

  • Viés nos dados: o estudo revelou que áreas ricas registraram mais prisões que regiões pobres, mesmo com taxas semelhantes de crimes. Isso sugere que a IA pode reproduzir desigualdades históricas do policiamento.

  • Perigo de estigmatização: se mal utilizada, pode reforçar preconceitos contra determinados bairros ou comunidades.

  • Uso ético: a linha entre prevenção e vigilância excessiva é tênue, e abre margem para debates sobre privacidade e liberdade civil.

O caso Palantir e o software Gotham

A discussão não é nova. A Palantir, empresa especializada em análise de dados, já oferece o Gotham, usado por agências de segurança em diversos países.

O sistema integra:

  • Registros criminais

  • Câmeras de placas de veículos

  • Dados de prisões

  • Entrevistas de campo

  • Informações de redes sociais

Com isso, cria mapas de hotspots e perfis de suspeitos recorrentes, servindo como bússola para a atuação policial.

Entre inovação e ficção científica

A promessa é tentadora: prever o crime antes que ele aconteça — quase como no filme Minority Report. Mas a realidade é mais complexa: sem cuidado, a IA pode se tornar ferramenta de injustiça, reforçando desigualdades que já existem.

A pergunta não é se a tecnologia vai evoluir — ela já está aqui. A questão é: vamos usá-la para construir cidades mais seguras ou para vigiar e punir ainda mais as mesmas pessoas de sempre?

👉 Talvez a verdadeira inovação não esteja em prever crimes, mas em usar a IA para prever soluções sociais que os tornem menos prováveis.