San Francisco renasce: como o dinheiro da IA reacendeu a cidade

Da fuga ao frenesi

Nos últimos anos, San Francisco foi manchete por tudo que parecia o fim: êxodo de engenheiros, prédios vazios, startups migrando para Miami ou Austin. Mas 2025 virou o jogo.

Hoje, a cidade vive sua segunda grande era, movida a dinheiro fresco da inteligência artificial. Mansões que encalhavam no mercado agora recebem múltiplas ofertas à vista, e corretores de Pacific Heights e Russian Hill relatam altas de até 15% em apenas nove meses.

Os novos protagonistas: “agent founders”

A cena é dominada por uma geração na casa dos 20 anos — dropouts do MIT, Stanford e até bootcamps online — que chegam com rodadas de dezenas de milhões no bolso. Eles lideram três frentes:

• AI agents do-it-for-me: softwares que assumem tarefas inteiras (contabilidade, vendas, marketing). Só no primeiro semestre, 10 startups do nicho captaram rodadas acima de US$ 50 milhões.

• B2B SaaS hiperverticalizado: modelos de linguagem aplicados a indústrias específicas como petroquímica, agronegócio e shipping. O segredo? Combinar especialistas técnicos com experts do setor.

• Infraestrutura para IA generativa: segurança, avaliação de riscos e camadas de orquestração. Aqui, os múltiplos de valuation chegam a 100 vezes a receita anual recorrente — algo impensável em 2022.

A diáspora reversa

O que parecia uma fuga virou retorno em massa:

• Europa: equipes de Paris, Berlim e Tallinn reabriram bases no Vale.

• Ásia: fundadores de Bangalore e Singapura montaram escritórios em SoMa para ficar perto de big techs e fundos.

• EUA: talentos que haviam migrado para Miami e Austin estão de volta, atraídos pelo combo equity + networking físico.

Luxo sob demanda

O impacto mais visível? O mercado imobiliário de luxo.

• Preço: imóveis acima de US$ 20 milhões voltaram a ter fila de interessados.

• Perfil do comprador: founders solteiros ou casais jovens, com patrimônio de US$ 100–400 milhões, quase todo em ações privadas.

• Velocidade: negócios fechados em menos de 15 dias, sem inspeções.

A nova “renascença de SF”

A cidade voltou a ferver:
🍸 Restaurantes lotados até terça-feira.
📅 Meetups diários sobre agentic workflows.
💻 Coworkings cheios às 23h.

Investidores falam em um novo ciclo de dez anos, comparável ao boom mobile de 2011.

Claro, os riscos permanecem: juros altos, falta crônica de habitação e debates regulatórios sobre IA. Mas, no curto prazo, a soma de capital abundante + talento raro + modelos que imprimem receita devolveu a San Francisco o posto de epicentro da próxima revolução tecnológica.